Polícia Federal prende sobrinho de governador e mais 14 pessoas no Acre

Eles foram presos no âmbito da Operação G-7, que investiga esquema de corrupção com empreiteiras

Todos os 15 mandados de prisão expedidos nesta sexta-feira, contra servidores públicos e autoridades do governo do Acre e da prefeitura de Rio Branco já foram cumpridos pela Polícia Federal (PF). Os acusados estão na Superintendência da PF no estado prestando depoimento e logo depois serão encaminhados ao sistema prisional. Eles foram presos no âmbito da Operação G-7, que investiga esquema de corrupção com empreiteiras.

Entre os presos estão o secretário de Obras do governo do Acre, Wolvenar Camargo; o secretário municipal de Desenvolvimento e Gestão Urbana de Rio Branco, Fernando de Mello Franco; e o diretor de Análise Clínica da Secretaria Estadual de Saúde, Tiago Paiva, sobrinho do governador Tião Viana.

O superintendente da Polícia Federal no estado, Marcelo Sálvio Rezende, disse à Agência Brasil que os depoimentos prosseguirão nos próximos dias, quando deverão ser ouvidos outros agentes públicos e da iniciativa privada. Segundo ele, uma vez concluída a fase dos depoimentos, as informações serão confrontadas e “as investigações poderão ser ampliadas com o surgimento de novos nomes”.

A Operação G-7 mobilizou 150 policiais de diversas localidades do país, que cumpriram também 34 mandados de busca e apreensão em órgãos públicos nos municípios de Rio Branco e Tarauacá. Os investigados por fraude em licitações de obras públicas podem responder pelos crimes de formação de cartel, falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, fraude à licitação e desvio de recursos públicos.

Em nota, o governador do Acre, Tião Viana, disse que seu governo dará “irrestrito apoio” às investigações da Polícia Federal que levaram à deflagração, nesta manhã, da Operação G-7. Na nota, Tião Viana relatou que seu governo é “absolutamente transparente no exercício de suas funções e intransigente na defesa dos valores morais da função pública e pessoal”.

Líder do grupo tem várias passagens pela polícia

Identificado pela Polícia Federal como líder do grupo preso ontem no bairro Olhos D’água, Anderson Carlos Bento, um dos cinco adultos que foram capturados, já tinha passagem pela polícia por roubo, assalto à mão armada, formação de quadrilha e duas vezes por porte ilegal de armas. “Ainda não confirmamos, mas há indício de que ele e o resto do grupo têm envolvimento em homicídios”, afirmou o chefe da Divisão de Combate ao Crime Organizado da PF, delegado Alessandro Moretti.

Para o delegado, o fato de os acusados morarem em residências humildes e inacabadas, além de os carros apreendidos no local serem mais velhos, não indica que o grupo seja de menor potencial ofensivo. “Não podemos confundir poder econômico com poderio de violência. Eles são acusados de cometer vários assaltos no São Bento e de promover a guerra de gangues no Olhos D’água”, disse.

A PF afirma que as investigações apontaram uma organização criminosa, hierarquizada e com seus integrantes desempenhando papéis bem definidos, dispondo da violência para inibir quem tentasse ir contra a ação do bando. Ainda segundo Moretti, o grupo estaria adquirindo armas no mercado paralelo para se fortalecer na luta contra gangues rivais.

Homicídios

O chefe do Núcleo de Inteligência da PF, delegado Roger Lima de Moura, afirmou que há suspeitas de que os acusados capturados ontem estejam por trás de vários homicídios. “São fortes indícios que ainda não comprovamos”, disse. Bento também poderá responder por aliciamento de menores para venda de drogas, crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). (EB)