PF prende 31 acusados de fraudar passaportes

Uma investigação da Polícia Federal sobre a emissão irregular de passaportes para estrangeiros em Niterói (15 km do Rio) resultou na prisão de 31 pessoas ontem.
Entre os beneficiados pelo esquema estão dois libaneses procurados pela Interpol (Polícia Internacional) sob a acusação de terrorismo e dois traficantes internacionais (um colombiano e um egípcio), presos no Brasil desde 2006.
Os nomes dos supostos terroristas não foram divulgados. A Polícia Federal informa que não foi apurado até agora nenhum vínculo do esquema de fraudes na emissão de passaportes com o terrorismo internacional. O inquérito corre em segredo de Justiça.
A maioria dos beneficiados nunca esteve no Brasil. A quadrilha seria liderada pelo libanês Souheil Chahdan Mounzer, radicado há 25 anos em São Gonçalo (a 20 km do Rio).
A venda de passaportes brasileiros para estrangeiros ocorria na Delegacia da PF em Niterói havia pelo menos 14 anos, disse o presidente do inquérito, delegado Carlos Pereira. Dois policiais federais foram presos sob a acusação de envolvimento com a quadrilha.
O agente Marco Antônio Lopes Gomes aposentou-se no fim do ano passado. Trabalhou em Niterói por 14 anos, mesmo período de serviço do agente José Francisco Ferreira.
Segundo o superintendente da PF no Rio, Delci Teixeira, Mounzer cobrava até o ano passado US$ 10 mil por passaporte. Quando a investigação começou, há cinco meses, o valor passou para R$ 15 mil.
Para conseguir o passaporte brasileiro, a quadrilha obtinha certidões falsas de nascimento em dois cartórios, no Rio e em Niterói. Cabia aos policiais envolvidos aprovar a documentação e emitir o passaporte.
O esquema também se valia de mulheres que se casavam com os estrangeiros sem conhecê-los ou cediam os filhos para que eles assumissem a paternidade. Assim, os estrangeiros requeriam cidadania, naturalização e passaporte brasileiros. As mulheres recebiam em média R$ 1.500.
Até agora, 70 estrangeiros foram identificados como compradores de passaportes brasileiros. Quase todos são libaneses, supostamente recrutados em Beirute por um irmão de Mounzer. Entre os presos estão outros dois irmãos do libanês, que moram no Brasil.
Em gravações, Mounzer diz que controlava o esquema havia 25 anos. A informação não foi confirmada pela PF.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados. Segundo a PF, todas as pessoas presas negaram participação no esquema criminoso.
Batizada de Operação Byblos, a ação da PF resultará em processos por falsidade ideológica, corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha e uso de documentos falsos.